22/06/2012

JOVEM OPERÁRIA DA DELPHI EM ITABIRITO MORREU DEVIDO A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA!

 Os jovens trabalhadores estão entre os segmentos que mais sentem a exploração capitalista. Sob o pretexto da “falta de experiência”, a grande maioria dos jovens, quando encontra emprego, recebe baixos salários e é submetida a jornadas acima da média e a condições precárias de trabalho.

Essa situação coloca na ordem do dia – não apenas como reivindicação da juventude, mas do conjunto dos trabalhadores – as lutas por melhores remunerações, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, contra a informalidade e pelo direito ao trabalho e à educação e contra a demissão imotivada.

Nos últimos tempos, as mudanças ocorridas no perfil do proletariado brasileiro atestam a importância da organização  dos jovens trabalhadores.

A morte da jovem Débora Heloar, operária da Delphin Automotive, no dia 06 de Junho,  serve de exemplo.Se não organizamos um movimento em defesa dos nossos direitos, seremos esmagados pelos patrões.

21/06/2012

A Jornada de Trabalho - Karl Marx

Texto retirado do capítulo 8 do livro O Capital de Karl Marx

jornada de trabalho
O capitalista compra a força de trabalho pelo valor diário. Seu valor de uso lhe pertence durante a jornada de trabalho. Obtém, portanto, o direito de fazer o trabalhador trabalhar para ele durante um dia de trabalho.

Mas o que é um dia de trabalho?
Será menor que um dia natural da vida. Menor quanto?

O capitalista tem seu próprio ponto de vista sobre essa extrema, a fronteira necessária da jornada de trabalho. Como capitalista apenas personifica o capital. Sua alma é a alma do capital. Mas o capital tem seu próprio impulso vital, o impulso de valorizar-se, de criar mais valia, de absorver com sua parte constante, com os meios de produção, a maior quantidade possível de trabalho excedente.

O capital é trabalho morto que como um vampiro se reanima sugando o trabalho vivo e quanto mais o suga mais forte se torna. O tempo em que o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome em seu proveito o tempo que tem disponível, furta o capitalista. O capitalista apóia-se na lei de troca de mercadorias. Como qualquer outro comprador procura extrair o maior proveito possível do valor de uso de sua mercadoria.

Mas, subitamente levanta-se a voz do trabalhador que estava emudecida no turbilhão do processo produtivo:

A mercadoria que te vendo se distingue da multidão das outras porque seu consumo cria valor e valor maior que seu custo. Este foi o motivo por que a compraste. O que de teu lado aparece como aumento de valor do capital, é do meu lado dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei, a da troca de mercadorias. E o consumo da mercadoria não pertence ao vendedor que a aliena, mas ao comprador que a adquire. Pertence-te assim a utilização de minha força diária de trabalho. Mas, por meio de seu preço diário de venda, tenho de reproduzi-la diariamente para poder vendê-la de novo. Pondo de lado o desgaste natural da idade etc., preciso ter amanhã, para trabalhar, a força, saúde e disposição normais que possuo hoje. Estais continuamente a pregar-me o evangelho da parcimônia e da abstinência.

Muito bem. Quero gerir meu único patrimônio, a força de trabalho, como um administrador racional, parcimonioso, abstendo-me de qualquer dispêndio desarrazoado. Só quero gastar diariamente, converter em movimento, em trabalho, a quantidade dessa força que se ajuste com sua duração normal e seu desenvolvimento sadio. Quando prolongas desmesuradamente o dia de trabalho, podes num dia gastar, de minha força de trabalho, uma quantidade maior do que a que posso recuperar em três dias.

O que ganhas em trabalho, perco em substância. A utilização de minha força de trabalho e sua espoliação são coisas inteiramente diversas.

Se um trabalhador, executando uma quantidade razoável de trabalho, dura em média 30 anos, o valor da força de trabalho que me pagas por dia é de 1 / 365 x 30 ou 1/10.950 de seu valor global. Se a consomes em 10 anos, pagas-me diariamente 1/10.950 e não 1/3.650 de seu valor global, portanto, apenas 1/3 de seu valor diário, e furtas-me assim diariamente 2/3 do valor da minha mercadoria.

Pagas-me a força de trabalho de um dia, quando empregas a de três dias. Isto fere nosso contrato e a lei de troca de mercadorias. Exijo, por isso, uma jornadad e trabalho de duração normal, e sem fazer apelo a teu coração, pois quando se trata de dinheiro não há lugar para bondade. Podes ser um cidadão exemplar, talvez membro da sociedade protetora dos animais, podes estar em odor de santidade, mas o que representas diante de mim é algo que não possui entranhas. O que parece pulsar aí é o meu próprio coração batendo.

Exijo a jornada normal, pois exijo o valor de minha mercadoria como qualquer outro vendedor.

Vemos que, abstraindo de limites extremamente elásticos, não resulta da natureza da troca de mercadorias nenhum limite à jornada de trabalho ou ao trabalho excedente. O capitalista afirma seu direito, como comprador, quando procura prolongar o mais possível a jornada de trabalho e transformar, sempre que possível, um dia de trabalho em dois. Por outro lado, a natureza específica da mercadoria vendida impõe um limite ao consumo pelo comprador, e o trabalhador afirma seu direito, como vendedor, quando quer limitar a jornada de trabalho a determinada magnitude normal.

Ocorre assim uma antinomia, direito contra direito, ambos baseados na lei de troca de mercadorias. Entre direitos iguais e opostos decide a força. Assim, a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho, um embate que se trava entre a classe capitalista e a classe trabalhadora.
 

CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO LUTA DE CLASSES
   “A história de toda a sociedade até hoje é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguês da corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travaram uma luta ininterrupta, umas vezes oculta, outras aberta, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou com o declínio comum das classes em luta.”                                                                                 (Marx e Engels, Manifesto Comunista)


      A cada dia que passa, vemos crescer o desemprego, a exploração e a pobreza em nosso país e no mundo. Os shoppings, os supermercados e as lojas exibem centenas de mercadorias para vender, mas poucos são os que podem comprá-las. Pais de família inutilmente batem de porta em porta procurando um emprego para garantir o sustento de suas famílias. Trabalhadores são demitidos em massa sob o pretexto da crise econômica, enquanto seus patrões capitalistas embolsam o dinheiro dos bilionários “auxílios” estatais. A juventude vê seus sonhos de estudo, trabalho e de uma vida melhor cada dia mais distante, se tornando presas fáceis da marginalidade. Centenas de milhares de famílias camponesas, expulsas do campo, migram para as cidades para somaram-se a esses milhões de desempregados. Já não são meninos de ruas mas milhões de famílias que fizeram dos viadutos e das calçadas suas casas.
 
      A verdade é que os trabalhadores sob o capitalismo, seja em época de crescimento econômico seja em momento de recessão, vivem em uma crise social e financeira permanente.  No primeiro Governo Lula, em que os números da economia iam bem, os capitalistas bateram recordes históricos de lucros enquanto os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada tiveram que se contentar com pequenos aumentos salariais, conquistados com muita luta contra os patrões e os governos, que mal dão para garantir o pagamento das contas no final do mês. De fato, só o lucro dos bancos atingiu os estratosféricos R$ 46,1 bilhões enquanto o salário mínimo brasileiro continuou sendo os dos menores do mundo, não chegando nem a R$ 500,00 por mês quando deveria ser, segundo o Dieese, de R$ 1918,12.

      É claro que, para garantir esses lucros, foi necessário um aprofundamento da exploração dos trabalhadores brasileiros. Estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese) mostrou que a renda das pessoas ocupadas na Região Metropolitana de São Paulo caiu 30,8% de 1995 a 2005. Para compensar essa queda nos salários, o trabalhador se viu obrigado a trabalhar mais: 78% dos trabalhadores fazem hora extra.

      Pior ainda é que um grande número de trabalhadores é obrigado pelos patrões a fazer horas-extra e não recebem nada por isso, devido à aplicação do método de exploração conhecido como banco de horas.

      De fato, para termos uma idéia mais clara dessa exploração, se acabassem as horas-extra realizadas pelos operários no Brasil, seria possível criar mais 3,5 milhões de empregos na indústria. O resultado é que tem crescido enormemente o número de mortes e acidentes entre os trabalhadores, como também, de doenças que vão desde o esgotamento físico e psíquico a problemas de coluna, lesões por esforço repetitivo etc.

      Assim, enquanto os patrões vêem suas fortunas crescerem e seu patrimônio aumentar dia-a-dia, do outro lado, o lado da imensa maioria da população brasileira, a situação é muito diferente; em vez de aumento de salário, queda da renda, piora nas condições de vida e de trabalho, aumento das horas extras e demissões em massa.